Ambientes e Pedagogias Emergentes em Educação

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PLE

PERSONAL LEARNING ENVIRONMENTS

3379888408_629ba7415eBy Gretchens Frage

Bibliografia anotada

Texto 1:

Valtonen, T. & Kukkonen, J. (2011). Students’ Readiness for Personal Learning Environments. In Proceedings of the The PLE Conference 2011, 10th – 12th July 2011, Southampton, UK, pp. 1-7. Disponível em http://journal.webscience.org/581/ Acedido a 9 de Dezembro de 2012.

Este artigo, apresentado na Conferência PLE 2011, aborda a temática dos Personal Learning Environments (PLE) na perspectiva dos alunos, nomeadamente no que diz respeito à sua disponibilidade e preparação para estes ambientes de aprendizagem.

De acordo com os autores, os PLE colocam a ênfase na capacidade do aluno de auto-regular a sua aprendizagem e nas suas competências para seleccionar e utilizar a tecnologia que suporta a sua aprendizagem:

«In order to be able to build PLEs, students are not only expected to be aware of their ways and practices of learning but also to be able to choose the most suitable software for their learning needs and goals.»

A auto-regulação da aprendizagem pressupõe que o aluno assuma o controlo do processo de aprendizagem, monitorizando a sua evolução de acordo com os objectivos que lhe são traçados,  e seleccionando os melhores métodos, bem como, as melhores ferramentas para a aprendizagem. O aluno é desafiado a construir o seu PLE com recurso a ferramentas de software social que, podendo já utilizar no seu dia-a-dia, poderá não dominar para o propósito específico da aprendizagem.

O artigo apresenta ainda as conclusões de um estudo realizado no âmbito de um projecto financiado pela União Europeia que tinha, entre outros, o objectivo de integrar os PLE nas práticas educativas das instituições participantes. A investigação incidiu sobre a preparação dos alunos para os PLE através da avaliação do uso das ferramentas de software social, para aprendizagem e entretenimento, e da sua consciência sobre a capacidade de auto-regular a aprendizagem, através da aplicação de questionários online.

Os resultados do estudo sugerem que a utilização dos PLE, enquanto prática educativa, requer um papel activo de suporte por parte dos professores, em particular nos alunos mais novos em que a capacidade de auto-regulação da aprendizagem é menor comparativamente aos alunos com um percurso escolar mais longo. No que diz respeito à utilização do software social por parte dos alunos, o estudo sugere que a utilização recreativa que se verifica deste tipo de software poderá trazer muitas vantagens à educação, encorajando os alunos a serem designers do seu ambiente de aprendizagem, o que reforça a justificação para a implementação dos PLE.

Comentário ao artigo:

O artigo foca a discussão nos requisitos pedagógicos e tecnológicos que os alunos devem possuir para terem sucesso na aprendizagem com recurso aos PLE, nomeadamente a capacidade de auto-regular o processo de aprendizagem e de construir e gerir o seu ambiente de aprendizagem com recurso a ferramentas de social media. Constitui, sem dúvida, uma abordagem diferente aos ambientes pessoais de aprendizagem, assinalando as premissas que ditam o (in)sucesso dos alunos nestes ambientes.

Destaco as conclusões do estudo que apontam para a importância conferida pelos alunos, sobretudo os mais novos, ao papel regulador do professor na aprendizagem, particularmente nas tarefas que carecem de capacidades meta-cognitivas e auto-reguladoras da aprendizagem, o que nos deverá levar a reflectir sobre o papel que o professor deverá assumir na construção do PLE dos seus alunos, possibilitando que progressivamente o aluno desenvolva essas mesmas capacidades.

Texto 2:

Arrufat, M. & Sánchez, V. (2012). Steps to Reflect on the Personal Learning Environment. Improving the Learning Process? Disponível em http://revistas.ua.pt/index.php/ple/article/viewFile/1430/1316 Acedido a 9 de Dezembro de 2012

O artigo descreve um estudo que está a ser realizado pelas autoras na Universidade de Granada e que aborda os processos de aprendizagem que ocorrem na sociedade atual e em particular no ensino superior, partindo da análise das ferramentas que integram o PLE de cada aluno, relacionando essas ferramentas com a Teoria da Aprendizagem de Gagné, no intuito de obter melhorias no ensino e na aprendizagem com recurso a este tipo de ambientes de aprendizagem.

A investigação assenta na observação da representação dos PLE de cada aluno e na interpretação e categorização de cada ferramenta utilizada, tendo por referência as condições de aprendizagem identificadas por Gagné, promovendo desse modo a reflexão dos professores e dos próprios alunos sobre os elementos da construção dos PLE. Pretende-se deste modo saber se tal reflexão de professores e alunos poderá resultar na melhoria dos processos de ensino e no sucesso da aprendizagem, partindo de dois pontos de vista:

  • Ponto de vista do aluno: O objetivo principal é levar o aluno a refletir sobre o seu processo de aprendizagem, pelo que a construção do PLE acaba por ser uma tarefa metacognitiva.
  • Ponto de vista do professor: A análise do PLE de cada aluno permite conhecer o seu processo de aprendizagem e as ferramentas que utiliza possibilitando a incorporação de estratégias e recursos mais adequados no desenho da experiência educativa.

Conhecer o modo como os alunos constroem os seus PLE constitui uma importante tarefa para compreender os seus estilos de aprendizagem e para desenvolver estratégias de ensino que vão ao encontro desses estilos, mas não só para os professores, já que para os alunos também irá permitir conhecer melhor o seu processo de aprendizagem.

No momento em que este artigo foi elaborado a investigação aqui esboçada ainda estava em curso, pelo que as autoras assinalaram apenas algumas conclusões dos estudos e análises preliminares entretanto concluídos e das quais se destacam:

  • Os alunos não têm consciência das ferramentas que utilizam na aprendizagem formal e informal até ao momento em que lhe é pedido para refletirem sobre as mesmas;
  • O PLE dos alunos no final do curso é mais rico e diversificado verificando-se que os alunos incorporam no seu PLE as ferramentas e aplicações que lhes são dadas a conhecer durante o curso;
  • Os professores podem aprender com as ferramentas com que os alunos trabalham e necessitam no seu processo de aprendizagem e eventualmente incorporar algumas dessas ferramentas no desenho educativo das suas disciplinas.

Comentário ao artigo:

A selecção deste artigo teve por fundamento a relevância que nele é atribuída ao processo de reflexão sobre os PLE com a intenção de retirar lições para a melhoria da prática educativa e do sucesso da aprendizagem. Apesar da investigação abordada estabelecer uma relação entre as ferramentas que compõem os PLE de cada aluno e a teoria e o quadro de conceitos expressos por Gagné para a aprendizagem e instrução (ensino), o que poderá constituir uma abordagem metodológica discutível, ressalta a importância que é dada à auto-reflexão dos alunos sobre o seu processo de aprendizagem e sobre as ferramentas que utilizam nesse mesmo processo, bem como, a importância dada à informação que pode ser retirada dos PLE pelos professores para a sua prática educativa, elegendo deste modo os PLE como uma fonte de informação a valorizar no sucesso do processo de ensino-aprendizagem.

4 thoughts on “PLE

  1. Ora viva, Vitor Reis

    Sobre o Texto 1:
    A prontidão para o PLE cada vez mais é mais natural; O suporte dos Professores é importante, mas já não é o mesmo de antigamente, isto é requer mais exemplo metodológico e menos seguir o programa, mais rigor e mais audição do Aluno para lhe facilitar o acesso aos objectivos de aprendizagem pessoais, de acordo com a sua maturidade; A Auto-regulação da aprendizagem requer o mesmo exercício do próprio Professor?

    Sobre o Texto 2:
    O Professor e o Aluno lançam-se num caminho mais ou menos trilhado. As interações dos caminhantes é que vai determinar o percurso da vontade do aprendiz em aprender, para que o ciclo de auto-motivação mútua seja gratificante. A auto-reflexão deve ser só do Aluno ?

    Até já,

    Gaspar Amaral
    (13DEZ12 02H32)

    • Olá Gaspar,

      Obrigado pelo seu comentário que coloca para a discussão dois importantes requisitos de um qualquer processo de ensino-aprendizagem e que são particularmente relevantes quando este se desenvolve em ambientes virtuais. Efectivamente, a auto-regulação e a auto-reflexão, sendo essenciais para o sucesso da aprendizagem do aluno, não serão menos importantes para o professor desenhar as actividades e experiências educativas.
      Nos tempos actuais os professores devem assumir o papel de facilitadores da aprendizagem, orientando os alunos na pesquisa e descoberta do conhecimento, abdicando de um papel demasiado directivo outrora assumido, sem contudo deixar de sinalizar aqueles que são os objectivos e os recursos mais pertinentes para o percurso de aprendizagem dos seus alunos, mas admitindo que cada aluno poderá alcançar tais objectivos de um modo particular. Esta dinâmica deverá obrigar à reflexão permanentemente sobre os métodos e estratégias de ensino que o professor utiliza na sua prática.

      Até já,

      Vítor

  2. Muito interessante o artigo (referência 1) em que se conclui que “a utilização dos PLE, enquanto prática educativa, requer um papel activo de suporte por parte dos professores, em particular nos alunos mais novos”. De facto, da minha experiência com alunos do ensino superior que frequentavam o primeiro ano, verifiquei que estes tem uma grande necessidade do apoio do professor seja nos documentos, recursos, etc, disponibilizados seja nas orientações para o estudo. Manifestam, na sua maioria, uma grande imaturidade e, por isso, este apoio revela-se fundamental para o sucesso da aprendizagem. Se este é o espírito de Bolnha, certamente, não o será, mas é a nossa realidade.

  3. Olá, Vítor e colegas!
    Concordo com o que já foi dito acerca da importância do papel do professor, no acompanhamento do processo de implementação e de gestão de um PLE. De resto, a colega Shirley também escolheu um artigo que se enfatizava esta temática. Acrescento a este tópico a questão do «design». Para começar, sou sempre bastante sensível às questões estéticas e julgo que os alunos, hoje em dia, no geral, não as valorizam devidamente. Adorei a imagem que selecionou, com a qual já me havia cruzado. O ato de conceber um PLE e de o representar graficamente é, de facto, uma tarefa que implica a convocação da tal dimensão estética. Mas exige, também, a tomada de opções e uma organização mental que só pode ser benéfica.
    Obrigado pela troca de pontos de vista.

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